Ele curtia arte como ninguém. Adorava ir à exposições e nas galerias
teimava em achar defeitos nas obras mais famosas.
Diante da Mona Lisa, de Da Vinci, insistiu que a mão direita
dela tinha um problema de tendinite.
“A noite estrelada” de Van Gogh só o levava a crer que o
pintor sofresse de problema de vista. Só os míopes vêm objetos luminosos, como
a Lua e as estrelas dessa obra, com seus contornos mais acentuados.
Criticava Velásquez por impor ao seu “Meninas” uma maior
atenção ao espaço do imóvel do que as figuras retratadas.
Considerava o “Abopuru” de Tarsila, a mais expressiva forma
de nacionalismo, canibalizando a cultura estrangeira. Mesmo assim achava que devia
ter sido acentuado o estômago do “homem que come gente” e não suas pernas.
Ele adorava arte, mas não se satisfazia apenas em elogiar as
grandes obras.
Não concordava com Michelangelo em seu afresco “A criação de
Adão”, pois o Criador está abraçado à figura de uma mulher, o que no seu modo
de entender teria sido a mulher a primogênita do mundo.
Mas tinha exceções às quais ele dizia admirar plenamente. E não
impunha qualquer crítica. Por isso,
considerava a obra expressionista-abstrata “Número 5” de Pollock, por identificar,
naquele emaranhado de traços pictográficos, figuras de sua melhor amizade. Ninguém
o compreendia diante dessa revelação; mas quem era louco de contestá-lo. Ele
era alguém que nascera predestinado a compor uma galeria de nomes famosos e,
por isso, considerava-se sábio das artes plásticas.
Seu nome: Miguel Angelo Leonardo Bandeira, natural dalí de
Salvador. Ou seria melhor dizer: Salvador dalí?
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